Qual a aplicabilidade do Pilates nos desvios posturais?
Antes de explicarmos como o Pilates pode nos ajudar nos desvios posturais, precisamos compreender as curvaturas existentes e saber que elas são comuns e fundamentais para o corpo humano. Elas contribuem para suportar o peso e nos prover da mobilidade necessária para a realização dos nossos movimentos.
A nossa coluna vertebral é formada por curvaturas. E essas curvaturas servem para diminuir a carga axial que nosso corpo é submetido pela força gravitacional (de cima para baixo) e pela força solo (de baixo para cima). Essas duas forças permitem que fiquemos em pé.
A coluna apresenta curvaturas fisiológicas, ou seja, curvas que devem ser vistas em uma postura considerada normal.
As curvaturas anteriores são chamadas lordoses. Temos a lordose cervical e a lordose lombar, enquanto as curvaturas posteriores (torácica, sacral e craniana) são chamadas de cifoses.
As lordoses têm função de movimento, são mais móveis, e, por isso, mais suscetíveis a lesões.
Já as cifoses possuem a função de proteção, por exemplo, a cifose torácica protege nosso coração e o pulmão; a cifose craniana protege o nosso cérebro. Portanto, são menos móveis e menos suscetíveis a lesões.
Quando há situações de desequilíbrios musculares, as curvaturas das cifoses e das lordoses podem se acentuar levando aos desvios posturais.
Os principais desvios posturais são: hiperlordoses, hipercifoses e retificações.
HIPERLORDOSE
A hiperlordose corresponde a acentuação da curva da lombar ou da cervical. A hiperlordose lombar é mais comum e normalmente associada a uma inclinação da pelve anteriormente. Através de uma avaliação e testes é possível o fisioterapeuta identificar se você apresenta a hiperlordose lombar ou cervical.
Hiperlordose Cervical
A hiperlordose cervical consiste em uma acentuação da convexidade anterior da coluna cervical, acompanhada de uma anteriorização da cabeça.
Geralmente a causa consiste numa hiperatividade dos músculos extensores do pescoço e na fraqueza dos músculos flexores cervicais.
Como o Pilates pode ajudar na hiperlordose cervical?
Os profissionais do Pilates devem ficar atentos ao posicionamento da cervical do paciente na posição deitada, ou seja, fazer usos de travesseiros que auxiliem a correção da curvatura lordótica. Devemos ensinar o paciente a manter a curvatura da cervical em posição neutra, posição na qual a cervical tem uma leve curvatura fisiológica. Então, somente a cabeça deve estar apoiada no chão, a região cervical deve permanecer fora do apoio.
Além disso, podem ser realizados exercícios de fortalecimento dos músculos flexores da cervical, que podem estar fracos, e também o alongamento dos músculos extensores da cervical que estão superativados.
Hiperlordose lombar
A hiperlordose lombar consiste em um aumento da curvatura anterior da coluna lombar e uma anteversão pélvica, ou seja, a pelve se desloca para frente em razão do encurtamento dos músculos posteriores e da alteração do centro de gravidade.
Como o Pilates pode ajudar na hiperlordose lombar?
O profissional do movimento deve preconizar primeiramente o ganho de estabilidade da coluna, geralmente os pacientes hiperlordóticos são muito móveis e pouco estáveis. Logo, eles apresentam pouca força e são muito suscetíveis a lesões.
Também deve ser trabalhada a estabilização do centro (pelve), já que o centro de gravidade está alterado em razão da curva acentuada. Ensinar o paciente como posicionar a pelve neutra, respeitando-se as curvaturas fisiológicas da coluna, e evitando o impriting da coluna (lombar toda apoiada no chão). Trabalha-se também mobilização, flexibilidade e fortalecimento como um todo. Se o paciente tiver ainda quadros de lombalgias ou cervicalgias decorrentes das hiperlordoses o fisioterapeuta pode intervir primeiramente no alívio das dores.
HIPERCIFOSE
A hipercifose torácica é caracterizada por uma curvatura acentuada na coluna torácica, aumentando-se o ângulo da cifose. Ela pode surgir em consequência do aumento da lordose lombar, de algum bloqueio na coluna vertebral ou surge também com a finalidade de manter o equilíbrio da coluna em razão do deslocamento do centro de gravidade para frente.
O paciente hipercifótico geralmente tem uma rigidez na cifose torácica, levando à falta de mobilidade da região e ocasionando dores.
Como o Pilates pode te ajudar na hipercifose torácica?
O trabalho no Pilates com pacientes hipercifóticos consiste primeiramente em proporcionar mobilidade em todos os sentidos para a coluna, para que se equilibre a coluna como um todo, a fim de não manter mobilidade apenas em alguns segmentos.
Deve ser trabalhado também movimentos em diagonais, movimentos em flexo-extensão, rotações e movimentos laterais da coluna. Ao mesmo tempo, trabalha-se a estabilização da pelve, ou seja, ensinar o paciente a pelve neutra respeitando as curvaturas fisiológicas da coluna, com o objetivo de apresentar a nova posição da pelve e criar uma nova referência para o cérebro.
RETIFICAÇÃO
A retificação da coluna vertebral pode ocorrer a nível cervical, lombar e torácico, e é caracteriza por uma perda das curvaturas fisiológicas dos segmentos acometidos, como se houvesse um aplainamento da coluna.
Retificação cervical
Os músculos flexores do pescoço estão superativados e os extensores enfraquecidos, ocasionando uma retificação da cabeça. No Pilates o trabalho consiste em ensinar o paciente a posicionar a cervical corretamente na posição deitada, podendo colocar acessórios na cervical para que se dê estímulos proprioceptivos de forma a se manter a curvatura fisiológica da mesma. Para evitar a retificação de cabeça devemos orientar o aluno na posição deitada em manter o olhar para o teto afim de evitar o queixo no peito, ou seja, a região da garganta precisa estar livre, devendo haver um espaço entre o queixo e o peito. Além de alongamento dos flexores cervicais que estão hiper ativados e o fortalecimento dos extensores do pescoço que estão fracos.
Retificação lombar
A pelve se encontra em retroversão, ou seja, quando o paciente está deitado, a lombar se encontra toda apoiada no solo. Isso não deve acontecer pois sabemos que a lombar deve ter sua curvatura fisiológica preservada. O imprinting da coluna lombar que é nada mais do que a pelve em retroversão pode aumentar a pressão nos discos intervertebrais em até 20 vezes. No Pilates devemos trabalhar com o paciente o posicionamento correto da pelve, ou seja, pelve neutra e trabalhar mobilidade em um único sentido trazendo essa pelve para uma ligeira anteversão, nem completamente apoiada e nem totalmente sem contato com o solo.
Retificação torácica
Em uma hipercifose torácica podemos ter uma zona bloqueada que é uma retificação, ou seja, um apagamento da curvatura fisiológica. Essa também pode ascender para a coluna cervical e gerar uma hipermobilidade compensatória. No Pilates trabalhamos a retificação com exercícios de mobilidade em todos os planos de movimento, exercícios de flexo-extensão, diagonais, exercícios respiratórios, auxiliando o paciente a “levar” a respiração para a zona de retificação com o objetivo de expandir a caixa torácica, área bloqueada.
Conclusão
É isso aí! Vimos que as curvaturas fazem parte da nossa coluna vertebral e servem para suportar o peso e permitir nossa mobilização corporal. Assim, o Pilates pode auxiliar no tratamento dos desvios posturais e no alívio de dores localizadas nas diferentes regiões da coluna decorrentes dessas alterações das curvaturas. Sei que o assunto é um pouco cansativo, mas posso garantir que os atendimentos de Pilates são bem menos entediantes e bastante desafiadores.
Se você acha que alguns dos desvios mencionados se aplicam a você, faço um convite para que venha conhecer o nosso espaço em Joinville e conversar um pouco mais sobre o seu caso. Esperamos que vocês tenham gostado desse conteúdo. Um abraço!
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