Cardiologista americano propõe eliminar o Trigo da alimentação. Saiba o porquê.
No livro Barriga de Trigo o médico cardiologista americano Wiiliam Davis, especializado em medicina preventiva, mostra que o trigo já não é um alimento substancial como aquele que os nossos antepassados consumiam.
Ele observou que desde a década de 70, quando surgiram as primeiras dietas com restrição de gorduras, nunca os americanos ganharam tanto peso e tiveram tantos problemas de saúde, desde o diabetes, doenças cardíacas, doença celíaca e outros transtornos imunológicos e neurológicos.
Nesse livro, ele expõe seu ponto de vista relatando que o problema da alimentação não é a gordura, não é o açúcar, e sim o trigo, ou aquilo que a indústria alimentícia está vendendo com o nome de trigo.
O que estaríamos comendo atualmente seria um trigo modificado, que visa garantir maior produtividade, ao menor custo possível, e que nos últimos cinquenta anos, sob a influência de cientistas agrícolas, sofreu mudanças drásticas, cruzamentos, hibridizações, fazendo o nosso trigo ser bem diferente daquele consumido antigamente.
É bom lembrar que as ideias expostas não têm a intenção de substituir orientações profissionais da área de nutrição, nem de servir como orientação médica, prescrição ou substituir diagnósticos de profissionais. Não faça mudanças na sua alimentação ou em seu estilo de vida alimentar sem antes consultar seu médico ou nutricionista. Dito isso, vamos prosseguir!
Como seria a ação do trigo no nosso organismo?
Segundo Davis, o problema de se consumir o trigo especificamente é que 75% dos carboidratos correspondem à Amilopectina A, molécula presente em vários tipos de amido, que é convertida rapidamente em glicose e absorvida pela corrente sanguínea por ser digerida com facilidade. A Amilopectina A seria o principal agente responsável por um dos efeitos do trigo, o aumento do nível de glicose no sangue.
Assim, ao se consumir, por exemplo, uma fatia de pão branco ou de pão integral (o que resultaria nos mesmos efeitos), ocorreria a elevação do nível de açúcar (glicose) no sangue que, por sua vez, provocaria a elevação do nível de insulina.
A insulina é liberada pelo pâncreas em resposta à presença de glicose. Quanto mais glicose for liberada na corrente sanguínea, mais insulina deve ser liberada pelo pâncreas, para passar a glicose para o interior das células corporais.
Quando esse ciclo é repetido várias vezes ao dia, e por períodos constantes, a capacidade do pâncreas de produzir insulina em resposta ao aumento diário excessivo de glicose no sangue se torna deficitária, o que levaria ao desenvolvimento do diabetes com o tempo.
Tanto para o diabético, quanto para o não diabético, a elevação do nível de insulina no sangue ocasiona a deposição de gordura visceral.
O acúmulo dessa gordura resultaria em processos inflamatórios, que faria com que os tecidos, como o muscular e hepático, reagissem menos à insulina, podendo ocasionar também a denominada resistência à insulina.
O pâncreas precisa produzir cada vez mais insulina para metabolizar a glicose, e com o tempo isso se tornaria um ciclo vicioso, aumentando-se a resistência à insulina, resultando num aumento da produção de insulina e consequentemente no aumento da gordura visceral, obesidade e outros problemas de saúde decorrentes de uma alimentação rica em carboidratos, no caso, o trigo.
Além disso William relata que a alimentação baseada no trigo resultaria na liberação de substâncias viciantes, as chamadas exorfinas, que são liberadas após a digestão do glúten.
Tais substâncias (exorfinas) causam uma sensação de bem-estar, mas também de dependência, pois quando seu efeito cessa se gera a necessidade de uma nova “dose”, o que faz com que seja mais difícil a eliminação do trigo da alimentação diária por cada indivíduo.
Benefícios da eliminação ou redução do trigo da rotina alimentar
Segundo Davis, as pessoas que conseguem eliminar o trigo da sua dieta teriam muitos benefícios, o ânimo e o bem estar melhorariam, a fome e a compulsão por comida diminuiriam, pois como ele é um estimulante de apetite, com a sua redução ocorreria a diminuição de ingestão de calorias por dia, consequentemente, a deposição de gordura visceral diminuiria consideravelmente, ou seja, as pessoas conseguiriam perder peso muito rápido e sem esforço.
Como o trigo é um carboidrato que faz parte da maioria da alimentação das pessoas, a sua redução ou eliminação resultaria em diversos benefícios para a saúde.
Alimentos como pães, macarrão, massas e bolos, possuem a base nesse ingrediente e deveriam ser consumidos com extrema moderação ou mesmo restringidos em certos casos.
Valeria a pena consumir alimentos “sem glúten”?
O glúten é a principal proteína do trigo, sendo um dos grandes responsáveis pelas lesões inflamatórias que ocorrem no trato intestinal de pessoas com doença celíaca (intolerância ao trigo), por exemplo.
Para Davis, tais pessoas, neste caso peculiar, deveriam eliminar o trigo da sua alimentação, e até mesmo os alimentos sem glúten.
Os alimentos sem glúten são preparados substituindo-se a farinha de trigo pelo amido de milho ou de arroz, pela fécula de batata ou de tapioca, ou seja, ao se consumir esses produtos, eles vão aumentar da mesma forma o nível de glicose e de insulina no sangue, vão acionar respostas inflamatórias no organismo, e as pessoas vão continuar ganhando peso, pois esses alimentos, apesar de serem sem glúten, são carboidratos.
Portanto, para o autor, alimentos sem glúten não gerariam tantos benefícios à saúde, salvo o prazer eventual por consumir algo relacionado ao trigo.
Problemas de saúde associados ao consumo excessivo de trigo
No decorrer do livro Davis enumera diversas doenças e associa os reflexos que uma alimentação baseada no trigo pode ter no nosso organismo.
Dentre os efeitos negativos associados ao consumo exagerado desse alimento o autor destaca:
- A ação das exorfinas, substâncias liberadas após a ingestão de trigo, causa a sensação de bem-estar, apresentam propriedades viciantes, e estimulam ainda mais o consumo desse alimento.
- O desenvolvimento da obesidade e o acúmulo de gordura visceral proporcionada pela ingestão de trigo, carboidratos e açucares em excesso.
- O aumento exorbitante de ocorrências da doença celíaca, um exemplo de intolerância ao trigo, que reforça a teoria defendida sobre as modificações pelas quais o trigo tem passado.
- O deslocamento do PH do corpo humano no sentido da acidez, de modo que a nossa dieta deixa de ser alcalina e se tornaria ácida, ocasionando diversos processos inflamatórios.
- O desenvolvimento de diabetes que se traduz na perda irreversível da capacidade do pâncreas em produzir insulina em resposta ao aumento excessivo de glicose no sangue.
- O envelhecimento precoce da pele causado pelo aumento da taxa de glicose no sangue, que acelera a formação dos produtos finais da glicação avançada (denominados AGEs). Os efeitos da glicação, com a formação acelerada de AGEs, pode comprometer a estrutura da pele, resultando em rugas, perda de elasticidade, rigidez e envelhecimento acelerado, por exemplo.
- Os problemas cardíacos, como a formação de placas arteroscleróticas (ex. placas de gordura nas artérias), resultantes do consumo abundante de grãos integrais e do alto teor de carboidratos nas refeições, que elevam a taxa de glicose, elevam a insulina, propiciando acúmulo de gordura visceral, aumentando os triglicerídeos e as partículas de VLDL e LDL na corrente sanguínea.
- Os problemas de pele e acne ocasionados pelo aumento da insulina no sangue. O aumento da insulina proporcionaria alterações hormonais, e estimularia a formação de sebo nas glândulas sebáceas e o crescimento de tecidos nos folículos capilares e na derme, que resultariam na formação da acne.
Em resumo, o autor defende a redução ou eliminação do trigo da nossa alimentação, tendo em vista os efeitos nocivos à saúde que a sua ingestão pode ocasionar.
Ao final ele propõe que a alimentação seja baseada principalmente em vegetais (legumes e verduras, exceto batata e milho), castanhas e sementes cruas, óleos (azeite, nozes, coco e outros), carnes, ovos e queijos (inclusive os amarelos).
Para as frutas, sucos, leguminosas e cereais haveria certas restrições.
Enquanto que para produtos à base de trigo, doces, adoçantes, frituras, determinados tipos de óleos, temperos à base de açúcar e outros, Davis propõe que sejam consumidos raramente ou nunca.
Dá para notar que o tipo de alimentação que ele propõe em seu livro se assemelha muito a uma dieta baseada em um baixo teor de carboidratos (Dieta Low Carb). Para saber mais sobre a Low Carb, clique AQUI e confira nosso outro post sobre esse assunto.
Esperamos que você tenha gostado da resenha.
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